18 de novembro de 2024

Joana d’Arc, a obra queimada

por | arte da queima, história, museu

Resolvi começar a escrever sobre a história da arte da queima ao longo dos milênios, e na minha pesquisa sobre as obras da arte da queima, e me deparei com uma história maravilhosa, de uma força inimaginável em uma obra e de conexão com a força das mulheres só que expressa em uma arte da queima e produzida por um homem no final do século XIX, usando uma referência de uma mulher forte, um ícone da força guerreira e da liberdade feminina que na época em que foi produzida a obra serviu para fortalecer o posicionamento político das mulheres em 1896, numa época em que a mulher nem direito de ter opinião própria tinha, e assim surgiu a obra prima que resolvi contar aqui um pouco dessa história.

Contém 3 grandes painéis em madeira gravada a fogo, num tamanho total 2,78m x 1,25m, se encontra exposta no Smithsonian American Art Museum em Washignton DC

A obra produzida por J. William Fosdik considerada uma escultura, já que foi produzida em um processo chamada “Ferro de Solda” onde o artista tinha uma haste de ferro fundido aquecia deliberadamente esta haste e pressionava sobre a madeira a ser trabalhada, e queimando-a, assim criando formas e relevos conforme a necessidade, e em uma época onde ainda não existia a ferramenta que uso hoje em dia (ou algo próximo do que uso) no caso o Pirógrafo, imagino que produzir uma obra gigantesca de medidas monumentais levou um certo tempo e cuidado para executar, exigindo uma dedicação plena do artista, que produziu a obra mediante uma encomenda de um cliente particular. Como se não bastasse todo processo criativo do ferro de solda e o tempo dedicado a escultura de dimensão gigantesca, tendo de comprimento 2,78m x 1,25m de altura, o artista americano Fosdik incluiu em sua obra chamada “Adoração a Joana d’Arc” folhas de ouro colocadas nos raios em torno da Santa Joana d’Arc para dar uma ar mais celeste e delicado a toda força da monumental obra que pede.

Comparada com obras da Idade Média até quando foi exposta em 1896 e elogiada como obra prima medieval, no caso quase me enganei ao pesquisar no princípio, achei que era uma obra real do período medieval de tantas semelhanças com as obras religiosas do período, mas com um pouco de leitura e pesquisa no museu SAAM (Smithsonian American Art Museum) onde atualmente mora a Adoração a Joana d’Arc pude confirmar que é uma obra do período da virada do século XX, anos em que Joana d’Arc era símbolo popular da cultura americana, significando a força e os diretos das mulheres que na época defendiam principalmente o direito a voto. Inclusive a obra foi exposta em 2006 pelo SAAM em uma exposição com o título “Mulheres que Lutavam pelo Direito de Votar”, assim Joana d’Arc foi a representação máxima do sufrágio feminino nos EUA.

As dimensões da escultura Adoração a Joana d’Arc foram realmente grande e pensada para se tornar uma obra ricamente decorativa e edificante, atraindo os olhares de ricos industriais que na época estavam no auge da economia americana. Favorecendo a possibilidade de decorar com força, beleza e liberdade os grandes ambientes projetados na virada do século XX, com certeza Fosdik pensou em tudo, inclusive usar fogo para queimar Joana d’Arc e assim produzir uma belíssima escultura que se assemelha a história da própria santa, que foi queimada em praça pública em 1431, e ao final da obra, lá no pé da Santa Joana d’Arc, o artista escreve uma pequena frase que significa tudo: “Joana podia ter morrido pelo rei e pelo país”, seu poder simbólico como uma mulher tomou a história em suas mãos e como isso ressoava na época em que Fosdik criou a obra. Hoje a obra se encontra no SAAM onde foi um presente proporcionado para o Smithsonian American Art Museum por William T. Evans em 2006.

Vejo o quanto importante é nosso posicionamento como artista, como a arte da queima pode reverberar ao longo dos anos, criar uma obra de suma importância para uma época é um sonho da artista aqui, meu processo artístico é cru, trabalho com fogo, com a caneta de queima, algo que nem todo mundo conhece ou aprecia, sou daquelas que gosta de produzir na matéria física, amooo o mundo digital e sem ele com certeza não conheceria muita coisa por aí, mas ainda quero me prender em produzir com a caneta de queima e quem sabe num futuro próximo homenagear a Santa Joana d’Arc afinal morrer queimada é com certeza o símbolo máximo de força interna de uma mulher.

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Formatos

Força e liberdade nas bençãos de Santa Joana d’Arc!

Referências: SAAM (Smithsonian American Art Museum) / Domestika Pirografia

 

 

Nanda Buono

Nanda Buono

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